Rodrigo
Orair
“
favorável
arranjo
para estados
e municípios”
Especialista em política fiscal, Rodrigo Orair enxerga a reforma tributária como importante maneira de diminuir as distâncias que hoje separam diferentes unidades da federação e também capaz de favorecer a maioria dos municípios brasileiros. As perdas, acredita, serão circunstanciais e compensadas ao longo do tempo pelo crescimento do país como um todo.
A adoção de um único imposto sobre o consumo, arrecadado no destino e sem as isenções e disparidades entre setores e regiões que hoje existem, vai redirecionar recursos para onde as pessoas vivem e beneficiar a maior parte de estados e municípios. Será, portanto, boa para a maioria.
Você quer ter a sua parcela de um bolo pequeno ou uma parcela talvez menor de um bolo muito maior?
“Você quer ter a sua parcela de um bolo pequeno ou uma parcela talvez menor de um bolo muito maior?”, compara o pesquisador do Ipea (Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea), ao sugerir como transpor a resistência de regiões e setores produtivos que se sintam prejudicados pelo novo sistema.
Orair avalia que, na realidade, o país precisa não de uma, mas de várias reformas tributárias. Entretanto, considera que, no momento, a sociedade está madura apenas para modificar as normas referentes a bens e serviços.
“Precisamos reformar a nossa tributação de bens e serviços, a de consumo, o nosso imposto de renda. Precisamos mudar também nossa tributação sobre propriedade. A reforma que está aí não lida com todas essas [pautas], mas pelo menos procura minimizar as injustiças na tributação de bens e serviços.”
O nosso sistema é nada transparente, é ineficiente, gerador de inúmeras desigualdades.
Antes de tudo, o país necessita de um novo sistema tributário porque o atual é totalmente anacrônico. “É nada transparente, ineficiente, gerador de inúmeras desigualdades”, analisa. “Nós tributamos, de maneira invisível, na forma de impostos indiretos que incidem principalmente no bolso dos mais pobres. E tributamos muito pouco a renda e a propriedade”.
O diagnóstico é conhecido há décadas. Mas a delicada situação do país e os desafios dos tempos atuais tornam a reforma tributária mais urgente, pondera o economista, também associado ao International Policy Centre for Inclusive Growth. Será um atalho para aproximar o Brasil do que já é praxe no resto do mundo.
“O mundo está mudando muito rapidamente. Novos problemas, novos dilemas estão surgindo: tributação da economia digital, das grandes multinacionais e o desafio ambiental. Mas aqui ainda estamos discutindo a mesma reforma dos últimos 40 anos”, lamenta. “É hora de acertar as contas com o passado, virar a página, para poder avançar”. Assista abaixo a íntegra da conversa de Rodrigo Orair com o #PraSerJusto.
É hora de a gente acertar as contas com o passado, virar a página, para poder avançar.
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